Se você esteve acompanhando as notícias no Peru, com certeza ouviu falar sobre Ana Estrada, uma ativista que lutou pelo direito de morrer com dignidade. E se não, não se preocupe! Aqui eu conto tudo o que você precisa saber sobre a eutanásia no Peru, o famoso caso de Ana Estrada e por que isso gerou tanta comoção no país.
O que é a eutanásia?
Vamos começar pelo básico. A eutanásia é quando uma pessoa decide encerrar sua vida, com a ajuda de um médico, para evitar sofrimentos insuportáveis devido a uma doença terminal ou condições que tornam a vida indigna, dolorosa ou humilhante. Em alguns países como Colômbia, Bélgica e Suíça, a eutanásia é legal. Mas, no Peru, a situação é… bem, bastante diferente. Aqui, até recentemente, a eutanásia era criminalizada. Embora, spoiler: isso mudou, e em parte graças a Ana Estrada!
Por que a eutanásia é ilegal no Peru?
Embora no Peru sejam super legais e de boa, em questões de eutanásia, somos bastante conservadores. De acordo com o Código Penal, a eutanásia é considerada um “homicídio piedoso”, o que significa que se você ajudar alguém a morrer (mesmo que a pessoa peça), poderá pegar entre 6 meses e 3 anos de prisão. Sim, eu sei, é uma loucura, não é?
Mas, por outro lado, há algo chamado lei 29414 que permite que você recuse tratamentos médicos se isso ajudar a acelerar sua morte. Parece um pouco contraditório, mas basicamente você pode se recusar a continuar vivendo ligado a máquinas, mas não pode pedir ajuda para morrer.
O caso que mudou tudo: Ana Estrada
Aqui é onde entra a grande Ana Estrada, uma psicóloga peruana que foi diagnosticada com polimiosite, uma doença rara e degenerativa que afetou gravemente sua qualidade de vida. Ana tem lutado há anos com uma condição que a deixou acamada, dependendo de ventiladores mecânicos para sobreviver e com uma mobilidade extremamente limitada. Imagine viver assim todos os dias, sem esperança de melhora. Qualquer pessoa se esgotaria, e Ana decidiu que já era suficiente.
Ana não queria apenas morrer, mas morrer com dignidade, sem dor ou sofrimento prolongado. Então, em 2021, ela iniciou uma batalha legal pelo direito à eutanásia no Peru. Depois de muitas idas e vindas nos tribunais, ela ganhou! Em julho de 2022, a Suprema Corte decidiu que Ana tinha o direito de receber a eutanásia, tornando-a a primeira pessoa no Peru com essa autorização.
O que torna o caso de Ana tão importante? Porque embora a eutanásia continue sendo ilegal no Peru, seu caso abriu a porta para que se discuta a descriminalização. E, quem sabe, talvez seja o início de uma mudança legal importante no país.
Comparação com outros países da América Latina
Aqui vai um dado interessante: o Peru não é o único país da região que discutiu a eutanásia. Vejamos como estamos em comparação com nossos vizinhos:
País | Legalização da eutanásia |
---|---|
Colômbia | Legal desde 1997. |
Uruguai | Ilegal, embora haja debates. |
Argentina | Ilegal, mas é permitida a recusa de tratamentos médicos. |
México | Ilegal, embora seja permitida a morte assistida em alguns estados. |
Peru | Caso único: legal para Ana Estrada. |
Como você pode ver, apenas Colômbia legalizou completamente a eutanásia na América Latina, enquanto outros países, como México e Argentina, permitem algumas formas de morte assistida ou a recusa de tratamentos médicos.
O que dizem os que são contra?
Claro, nem tudo é apoio para Ana Estrada e a eutanásia. Alguns setores, principalmente os mais religiosos ou conservadores, acreditam que a eutanásia é imoral. Para eles, a vida é sagrada e não deve ser terminada “de propósito”. Por exemplo, a Igreja Católica no Peru se pronunciou várias vezes contra a eutanásia, defendendo a ideia de que apenas Deus pode decidir quando alguém deve morrer.
Além disso, alguns argumentam que a eutanásia poderia ser usada de maneira inadequada ou que poderia haver pressões indevidas sobre as pessoas vulneráveis para escolher morrer. Não é um debate simples e tem muitas facetas.
O que está por vir para a eutanásia no Peru?
O caso de Ana Estrada estabeleceu um precedente legal importante, mas não mudou a lei para todos. Atualmente, no Peru, se alguém quiser acessar a eutanásia, teria que apresentar um caso semelhante ao de Ana e esperar que os tribunais o aprovem. Isso não é uma solução a longo prazo, e muitos acreditam que a eutanásia deveria ser legal para todos que precisarem, não apenas para aqueles que puderem lutar nos tribunais.
Além disso, há um projeto de lei no Congresso que busca descriminalizar a eutanásia para pacientes com doenças terminais, mas, como você pode imaginar, está gerando muito debate. O congressista Luis Kamiche propôs uma reforma constitucional para incluir o direito à morte digna na lista de direitos fundamentais dos peruanos. Essa mudança, se aprovada, poderia ser o grande passo que o país precisa.
Proposta de descriminalização: o que inclui?
- Que seja o próprio paciente quem solicite a eutanásia (não um familiar).
- Que a pessoa esteja em pleno uso de suas faculdades mentais.
- Que seja uma doença terminal ou incurável.
Este tipo de medidas poderia evitar situações como a de Ovidio González na Colômbia, um homem que lutou por anos para que lhe permitissem uma morte digna e acabou enfrentando entraves burocráticos que atrasaram seu desejo até o último minuto.
Reflexão final: Devemos ter o direito de decidir quando morrer?
Esta é uma pergunta difícil, e a resposta depende de suas crenças, sua experiência e sua perspectiva de vida. Para alguns, a ideia de decidir quando morrer é uma questão de autonomia e dignidade. Para outros, é uma questão moral que não deve estar nas mãos dos seres humanos. O que está claro é que o caso de Ana Estrada trouxe esse tema à tona e iniciou uma conversa que, cedo ou tarde, poderia mudar as leis no Peru.
O que você acha? A eutanásia deveria ser legal em mais casos, ou você acredita que é algo que não deve ser permitido? Se você se interessa pelo assunto, compartilhe este artigo em suas redes sociais e participe do debate. E se você está procurando mais informações sobre a eutanásia em outros países ou quer saber mais sobre como avança a legislação no Peru, continue lendo nossos artigos recomendados.
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